A luta negra hoje é mais fortemente representada pelo rei do Quilombo de Palmares, Zumbi; mas não podemos esquecer que essa luta não foi só dele. Ele é o mártir mor dessa história, mas existem tantos outros cujo sequer o nome conhecemos. Na luta pela liberdade muitas vidas foram ceifadas. Claro, não se pode deixar de citar que camadas de intelectuais brasileiros se engajaram na briga pela abolição, e isso foi de suma importância para o sucesso dessa longa jornada. Isabel, pressionada por tantos movimentos abolicionistas e substituindo o imperador, pouca consciência tinha, tampouco a negra. Ela até hoje não saberia o que fez lá pras bandas dela, ou o porquê de ter feito. A luta foi negra, o sangue foi negro. E engana-se quem pensa que essa luta acabou, ela está só no começo e cabe a mim e a você darmos prosseguimento a essa história. A consciência negra não pode se limitar ao dia 20 de novembro, data em que Zumbi morreu; pra ser consciência de fato, ela precisa ser diária. Com fé em Deus ainda chegaremos aos dias em que a cor da pele pouco importará, e que o Brasil vai poder pagar a dívida histórica que tem com esse povo que construiu à revelia o país em que vivemos hoje. Oxalá Irokô, orixá do tempo há de cuidar disso, ao lado de Xangô, Deus da justiça e Oxum, orixá do amor.
Axé!!
Por Silvia Peralta
paioldeideias
Ó mãe do cativo
Que fias à noite
À luz da candeia
Na choupana de palha!
Embala teu filho
Com essa cantiga
Ou terce-lhe
O pano da branca mortalha.
Cai, orvalho de sangue do escravo,
Cai, orvalho, na face do algoz.
Cresce, cresce, seara vermelha,
Cresce, cresce, vingança feroz.
Castro Alves, o "Poeta dos Escravos"
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