O MENINO E O ARTISTA

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Conheci Alain Dellon de Pontes Costa no ano de 1991, quando, eu ainda menino, freqüentava os estúdios da recém fundada Rádio Serrana. Nesse período Alain Dellon, um jovem de Cacimba de Dentro que acabara de chegar para reforçar o time de locutores da mais nova emissora de rádio da região, juntamente como o já criado Grupo Serra de Teatro de Araruna, fazia sucesso com a encenação da Paixão de Cristo daquele ano e com a mega produção da rádio-novela “Amor Cigano” e da minissérie “Filhos do Silêncio”, cujas foram ao ar através da Rádio Serrana AM e tinham uma grande audiência não só em Araruna, mas em cidades circunvizinhas do Rio Grande do Norte.


 Minha primeira oportunidade de conversar com o teatrólogo e de falar sobre a admiração pelo seu trabalho se deu numa certa manhã, quando eu fui acompanhar seu programa de rádio “ao vivo e a cores” no estúdio “B” da Rádio Serrana.  Ao final do programa, Alain me pediu para lhe ajudar levando até a casa onde ele estava hospedado na cidade algumas sacolas, eram frutas que tinham sido levadas por um ouvinte seu da zonal rural, se não me engano eram mangas. Saímos e no caminho conversamos bastante e ao chegarmos à casa recebi do mesmo algumas moedas como gorjetas pelo meu "trabalho" e a promessa que iria fazer parte do Grupo Serra de Teatro. A promessa se concretizou e poucos meses depois eu fui convidado para fazer parte do elenco da minissérie de rádio “Um homem, uma mulher” e, no ano seguinte, participei do espetáculo da Paixão De Cristo.

Nessa altura Alain Dellon, por desentendimento com a administração da Rádio Serrana, tinha deixado a emissora, porém com isso não se abateu e continuou sua caminhada rumo aos seus ideais, ainda bem mais fortes e com sua sede de justiça mais aguçada do que nunca. Nesse clima de revolta Alain Dellon montou a polêmica peça “Podres Poderes”, que tinha como trilha sonora a música homônima de Caetano Veloso, cuja peça teatral eu, ao lado do próprio Dellon, Júlia Carmem e Marcelo Ramos encenamos no extinto Clube 14 de julho em Araruna - PB, e no Tacima Clube em Tacima - PB e ainda na Cidade de Dona Inês - PB.  

 Sem sombra de dúvidas Alain despertou em mim o gosto em se fazer arte. Gosto que eu sozinho, quanto menino humilde de interior, jamais seria capaz de exteriorizar. Aquele jovem visionário de Cacimba de Dentro foi um dos meus grandes mestres. Foi através de Alain Dellon que eu ouvi pela primeira vez músicas de artistas com Beatles, John Lennon, Chico Buarque e Cazuza, inevitáveis futuras fontes de inspirações.
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